domingo, 31 de janeiro de 2010

SOFIA



Não sou mais dona da Sofia, ela se foi.

POEMA

Não é fácil
encontrar novidades em poemas;
mas homens morrem miseravelmente todos os dias
por falta
do que neles existe.


William Carlos Williams




Esse William é um médico e poeta americano. Gosto deveras.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

CONFESSIONÁRIO

O rebuliço de fora e o rebuliço de dentro.
Ai como é duro não poder falar tudo pra todo mundo!
Umas coisas a gente fala prá uns, outras prá outros e outras ainda quase que não confesso prá mim mesma.
Maldita educação.
Maldito segredo.
Bendita coragem.
Bendito ser que possa ouvir tudo e ainda assim, continuar ali.

sábado, 7 de novembro de 2009

É IMPOSSÍVEL ELIMINAR TODOS OS QUES




No meu serviço público, entro na casa das pessoas, ou na vida mais ou menos sem pedir licença. Explico: tenho uma mandado judicial para fazer isso.
Procuro fazer isso da forma mais delicada e firme possível, na maior parte das vezes funciona. Poucas vezes a resistência é tão forte que só com a delicadeza da polícia.
O mais impressionante é estar tão perto da vida real das pessoas; é de certa forma assustador.
Imagino como um terapeuta se sente tendo acesso a histórias pessoais íntimas, agora, pense em entrar na casa da criatura, ai, ai.
Esses dias entrei na casa de duas passarinhas.
É um prédio antigo no centro da cidade onde moram duas senhorinhas quase duas rolinhas. miúdas, miúdas. O apartamento é um conglomerado de coisinhas, móveis e lembranças, tudo muito arrumadinho.
O pai das senhorinhas foi dono de vários imóveis na cidade. Estava eu lá para que elas pagassem o imposto de um terreno que era desconhecido de ambas.
O pai morreu e elas não fizeram o inventário; disseram que muitos imóveis foram tomados (pensei comigo como alguém que teve os bens tomados não reage) e achavam que não restava nada. Repeti a orientação nem sei quantas vezes. Fiquei com a impressão de que elas não saiam do apartamento para quase nada. Não casaram e olhavam prá mim com ar desconfiado.
No começo achei que elas nunca entenderiam que talvez fossem até abastadas e, o fato do imposto estar atrasado na verdade indicava que elas tinham um imóvel - o que não é definitivamente uma má notícia. Enfim, foi um grande agito na vida delas, elas tinham uma investigação para fazer e ficaram visivelmente em suspense. Confesso que também fiquei. Será que as duas rolinhas vão finalmente sair do apartamento?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

EITA!

mas não é que é bom ter um lugar pra falar o que quiser, eita!
depois eu penso: será que eu penso tudo isso mesmo? eita!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

OS PAIS E MÃES QUE A GENTE ESCOLHE



Felizmente o mundo tá cheio de pais e mães pelo menos intelectuais e/ou espirituais.

Gosto do jeito como o Flávio Gikovate explica as coisas da vida; também da Teresa Robles, John Bradshaw e ano passado vi uma palestra bastante interessante e intrigante do Ricardo Goldenberg.
O Ricardo falou sobre corrupção: a corrupção dos corpos, pelo tempo e a corrupção da alma.
Ele disse que a palavra incorruptível não tem uma etimologia confiável, uma vez que ela passou a ser usada por Paulo, o apóstolo, como indicativo de um estado de espírito a ser alcançado para a nossa salvação.

Entendi que todos nós somos corruptos em maior ou menor grau e buscar a santidade é tão louco quanto sair ferrando geral.

É doido pensar assim, pelo menos prá mim. Imagine que qualquer benefício ao qual tenhamos acesso, como o dinheiro, elogios, presentes de todo tipo venham esporadicamente de pessoas que possam obter vantagem em troca do objeto oferecido; ainda que seja para estreitar os laços, não é um ponto sem nó.

Me lembrei agora do pianista Nelson Freire. Ele sempre escapa das entrevistas e, num documentário sobre ele, alguém pergunta qual o motivo da esquiva, ao qual ele responde que o que importa é a música, o resto (ou seja, ele) ....
Convenhamos que se ele aceitou o documentário, ele não é tão esquivo assim.

Ouvi também o Flávio Gikovate dizendo que o pessoal que ganha o prêmio Nobel, em geral vai trabalhar no outro dia.

Um exemplo engraçado que o Ricardo Goldenberg deu sobre esse estado de espírito embuído das melhores intenções progressistas humanitárias, incorruptíveis e que (e)elevariam as nações, foi o caso do Che.
Ele gostaria de saber se o Che foi perguntar pras pessoas as quais ele se propunha a resgatar, se elas todas queriam ser salvas e por ele.






sábado, 15 de agosto de 2009

COMO É DIFÍCIL!



Pensei que era só aprender a música e tocar.
Mas tem o lugar para tocar.
Mas tem as pessoas com quem tocar.
Mas tem quanto vai ganhar.
E quando se tem tem tudo isso, os parceiros têm interesses diversos, o contrantante idem e o tal negócio de grana é complicado mesmo.
Mesmo tendo a casa lotada que é o que todo dono de bar gostaria, o nosso contrantante parece que não gosta, ou melhor, finge que não gosta e usa de outras artimanhas para dar a entender que não está satisfeito. O efeito é o seguinte: despretigie e abuse, como quiser.
É um jogo de xadrez, cansativo, cansativo.
Cadê o ouro, cadê o doce, o Bole-Bole, o Gostosinho?
que me responda o Jacob do Bandolim de onde ele estiver...