segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

CONFESSIONÁRIO

O rebuliço de fora e o rebuliço de dentro.
Ai como é duro não poder falar tudo pra todo mundo!
Umas coisas a gente fala prá uns, outras prá outros e outras ainda quase que não confesso prá mim mesma.
Maldita educação.
Maldito segredo.
Bendita coragem.
Bendito ser que possa ouvir tudo e ainda assim, continuar ali.

sábado, 7 de novembro de 2009

É IMPOSSÍVEL ELIMINAR TODOS OS QUES




No meu serviço público, entro na casa das pessoas, ou na vida mais ou menos sem pedir licença. Explico: tenho uma mandado judicial para fazer isso.
Procuro fazer isso da forma mais delicada e firme possível, na maior parte das vezes funciona. Poucas vezes a resistência é tão forte que só com a delicadeza da polícia.
O mais impressionante é estar tão perto da vida real das pessoas; é de certa forma assustador.
Imagino como um terapeuta se sente tendo acesso a histórias pessoais íntimas, agora, pense em entrar na casa da criatura, ai, ai.
Esses dias entrei na casa de duas passarinhas.
É um prédio antigo no centro da cidade onde moram duas senhorinhas quase duas rolinhas. miúdas, miúdas. O apartamento é um conglomerado de coisinhas, móveis e lembranças, tudo muito arrumadinho.
O pai das senhorinhas foi dono de vários imóveis na cidade. Estava eu lá para que elas pagassem o imposto de um terreno que era desconhecido de ambas.
O pai morreu e elas não fizeram o inventário; disseram que muitos imóveis foram tomados (pensei comigo como alguém que teve os bens tomados não reage) e achavam que não restava nada. Repeti a orientação nem sei quantas vezes. Fiquei com a impressão de que elas não saiam do apartamento para quase nada. Não casaram e olhavam prá mim com ar desconfiado.
No começo achei que elas nunca entenderiam que talvez fossem até abastadas e, o fato do imposto estar atrasado na verdade indicava que elas tinham um imóvel - o que não é definitivamente uma má notícia. Enfim, foi um grande agito na vida delas, elas tinham uma investigação para fazer e ficaram visivelmente em suspense. Confesso que também fiquei. Será que as duas rolinhas vão finalmente sair do apartamento?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

EITA!

mas não é que é bom ter um lugar pra falar o que quiser, eita!
depois eu penso: será que eu penso tudo isso mesmo? eita!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

OS PAIS E MÃES QUE A GENTE ESCOLHE



Felizmente o mundo tá cheio de pais e mães pelo menos intelectuais e/ou espirituais.

Gosto do jeito como o Flávio Gikovate explica as coisas da vida; também da Teresa Robles, John Bradshaw e ano passado vi uma palestra bastante interessante e intrigante do Ricardo Goldenberg.
O Ricardo falou sobre corrupção: a corrupção dos corpos, pelo tempo e a corrupção da alma.
Ele disse que a palavra incorruptível não tem uma etimologia confiável, uma vez que ela passou a ser usada por Paulo, o apóstolo, como indicativo de um estado de espírito a ser alcançado para a nossa salvação.

Entendi que todos nós somos corruptos em maior ou menor grau e buscar a santidade é tão louco quanto sair ferrando geral.

É doido pensar assim, pelo menos prá mim. Imagine que qualquer benefício ao qual tenhamos acesso, como o dinheiro, elogios, presentes de todo tipo venham esporadicamente de pessoas que possam obter vantagem em troca do objeto oferecido; ainda que seja para estreitar os laços, não é um ponto sem nó.

Me lembrei agora do pianista Nelson Freire. Ele sempre escapa das entrevistas e, num documentário sobre ele, alguém pergunta qual o motivo da esquiva, ao qual ele responde que o que importa é a música, o resto (ou seja, ele) ....
Convenhamos que se ele aceitou o documentário, ele não é tão esquivo assim.

Ouvi também o Flávio Gikovate dizendo que o pessoal que ganha o prêmio Nobel, em geral vai trabalhar no outro dia.

Um exemplo engraçado que o Ricardo Goldenberg deu sobre esse estado de espírito embuído das melhores intenções progressistas humanitárias, incorruptíveis e que (e)elevariam as nações, foi o caso do Che.
Ele gostaria de saber se o Che foi perguntar pras pessoas as quais ele se propunha a resgatar, se elas todas queriam ser salvas e por ele.






sábado, 15 de agosto de 2009

COMO É DIFÍCIL!



Pensei que era só aprender a música e tocar.
Mas tem o lugar para tocar.
Mas tem as pessoas com quem tocar.
Mas tem quanto vai ganhar.
E quando se tem tem tudo isso, os parceiros têm interesses diversos, o contrantante idem e o tal negócio de grana é complicado mesmo.
Mesmo tendo a casa lotada que é o que todo dono de bar gostaria, o nosso contrantante parece que não gosta, ou melhor, finge que não gosta e usa de outras artimanhas para dar a entender que não está satisfeito. O efeito é o seguinte: despretigie e abuse, como quiser.
É um jogo de xadrez, cansativo, cansativo.
Cadê o ouro, cadê o doce, o Bole-Bole, o Gostosinho?
que me responda o Jacob do Bandolim de onde ele estiver...



domingo, 12 de julho de 2009

ANTEPASSADOS



Ontem participei de uma reunião de família, com tios pais, primos e irmãos.
Tia Áurea nos apresentou nossos bisavós das famílias Mapelli e Casati, pais da avó paterna, D.Theresa.
A tia tem feito essas pesquisas ultimamente.
Esses italianos que eram essencialmente agricultores da região de Milão, vieram no final do século 19 para o Brasil, com a promessa de trabalho e bem aventurança.
Prá mim é engraçado o sentimento, por que apesar da curiosidade, meus antepassados italianos não me dizem muita coisa.
Acho que tenho mais dos portugueses, Nunes de Oliveira, pais do avô José.
Também tenho mais dos ascendentes da minha mãe, Seixas Moreira, portugueses também e acho que uma misturançazinha com índios.
Meu temperamento, cor de pele e tamanho, não indicam muita coisa italiana, talvez as pintas.
Uma coisa as famílias Nunes de Oliveira, Mapelli e Casati têm em comum, todos são chorões, emotivos, isso eu também sou.
Já a família da minha mãe é dócil e não tão emotiva, acho por intuição que tiveram que suportar mais desamparo e subjugo. A exceção é a avó materna, também Tereza, o cão fantasiado de avó.
Com certeza essas famílias tiveram que trabalhar muito e seus descendentes têm muito mais oportunidades.
Tenho comigo um sentimento de luta contra o subjugo, que talvez se explique através dos antepassados.
Descobri que o bisavô Pompeu tocava guitarra portuguesa, ai pelo amor de Deus, já tava achando que não tinha de onde tirar a paixão pela música.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

MAMÃE EU QUERO



Pára tudo.
como faz mesmo prá parar?
Os músicos sabem o perrengue que é quando tá chegando aquela frase encapetada que só Deus sabe se vai sair limpa.
Sei, sei, a gente vai perseverando.
E o que fazer com a sensação da maledeta frase?
Esquece, respira, dá uma voltinha a pé.
Corra, Alice, corra.
Onde era mesmo que a gente tava indo?
Será que eu vou ter que resolver aquele negócio mesmo? Não dá prá fingir que não está acontecendo?
E o doçe e o ouro, cadê?
Será que ele falou a verdade?
Não seria mais fácil abrir o coração?
Ai medão, papão.

sábado, 16 de maio de 2009

NOSSA QUE SURPRESA BOA!


Estava eu na espera da consulta médica e entabulei uma conversa com uma senhorinha na mesma situação.
Era o posto de atendimento do Iansp, lugar simples mas limpinho, como dizem por aí.
Papo vai papo vem, a senhorinha apresentou-se evangélica e eu já esperava o pior.
Mas num é que fui surpreendida por uma senhora que já foi empregada doméstica, cozinheira de salgadinhos e, falando com todas as concordâncias perfeitas mostrou-se como uma das mais sensatas pessoas que já conversei. Um luxo.
Ela contou que um irmão foi abandonado pela esposa e filhos quando ficou doente. Uma outra irmã solteira, cuidou até ficar doente também. Foi aí que ela entrou na história e obrigou, depois de muita espera e promessas, a esposa e os filhos a cuidarem do irmão.
Isso lhe causou um abalo emocional muito grande.
Ela disse que ficou depressiva e demorou para se restabelecer.
Disse que tomar uma atitude como a dela, essa de mandar quem pariu Mateus que o embale, é difícil demais numa sociedade onde todo mundo deixa tudo prá lá, ninguém nunca tem nada a ver com isso, mesmo quando o isso é seu pai ou seu filho, ou um amigo estimado.
Fiquei fã dela, e ela ainda por cima tem um sorriso lindo, um sotaque mineiro, um jeito moderno de ser, mesmo com o cabelo preso num coque.
Também sou fã do Dr Segalla, ele faz um trabalho de primeira, atende bem todo mundo, a consulta dura quanto tempo for preciso e não sei se foi coincidência, mas todas as vezes em que estive com ele, ele estava de bom humor.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

ANDANDO POR AÍ


A última conversa que tive com alguém sobre como viver melhor, foi há tempos.
Essa história de ficar conversando sobre isso, me faz perceber que falo sempre sobre as mesmas coisas e não mudo nada.
Decidi parar de conversar e sair a campo.
Eta mundão véio sem porteira, esse que gira aí gente!
É coisa e pessoa que num acaba mais.
To percebendo que to entrando no mundo e o mundo tá entrando em mim.
Tem coisa e gente que entra meio atravessado, outros entram mansinho que nem percebo, a hora que dou conta já tão dentro, afofando o travesseiro.
E os que entram atravessado não se acomodam fácil, ficam pulando que nem perereca gelada gosmenta, ui, nojinho!
Acho que to ficando grande e pequena tudo ao mesmo tempo.

domingo, 19 de abril de 2009

A VERDADE TAMBÉM TEM POESIA


Sempre pensei que a afinação dos instrumentos em lá 440 hz fosse uma convenção. Fiquei sabendo há poucos dias que esse som é o mesmo som que a terra emite.

Também soube que o sol emite nuitos sons, uma coisa parecida com uma sinfonia.

Conforme informação do professor Costita, tudo medido com maquininhas.

Mas não é admirável memo?

domingo, 29 de março de 2009

REGRAS DE LUTA LIMPA










Tive uns probleminhas aí, esses dias. Sorte eu já ter lido o texto que vou postar.
A quem interessar possa....

1-Fique no aqui agora. Lute por aquilo que acabou de acontecer, não por uma coisa que aconteceu há 20 anos.

2-Evite a contagem de pontos. Nossa criança interior gosta de guardas as coisas e, mais tarde, atirá-las nas pessoas.

3-Atenha-se ao detalhe comportamental específico e concreto. A criança interior funciona melhor com o que ela pode ver, ouvir e tocar. Dizer a alguém, "você me enoja", não resolve nada.

4-Seja rigorosamente honesto, prefira a verdade à discussão.

5-Evite culpar e julgar. A culpa e o julgamento são disfarces para a sua vergonha. Limite-se às mensagens do eu e use o modelo da percepção.

6-Use a regra da audição, repetindo para a pessoa o que você acabou a ouviu dizer( de forma que ela não possa negar) antes de começar responder. A Criança interior raramente era ouvida. Ela age baseada na vergonha e na defensiva.
A regra da audição faz milagres quando duas pessoa se comprometem a usá-la.

7-Evite discutir sobre detalhes:" Você está atrasado 15 minutos." "Não, nove minutos." A criança interior em idade escolar, concreta e literal, adora discutir detalhes.

8-Não se afaste, a não ser que sua criança interior esteja sendo agredida. Se você está sendo agredido, sempre retire-se ou procure proteção.

9-Eu ensino à minha criança interior a seguinte fronteira em relação a conflitos: "eu não vim ao mundo para ser medido por suas fantasias, crenças ou expectativas. Não serei medido ou controlado por eles. Se tivermos um conflito, vou ficar firme e lutar limpamente. Peço a você que faça o mesmo. Se você se tornar abusivo sob qualquer aspecto, eu vou embora.

Esse texto foi extraído do livro Volta ao lar - Como resgatar e defender sua criança interior. John Bradshaw, Ed Rocco.

sexta-feira, 20 de março de 2009

PERMISSÃO



Estive uma época dando aulas de musicalização. Foi uma experiência maravilhosa.
Descobri algumas coisa interessantes, por insight.
Lembrei da brincadeira da corda com aquela musiquinha um homem bateu em minha porta.
Acertar a hora de entrar na corda e depois manter o rítmo e os comandos, ensina várias coisas.
Ficar atento ao momento de entrar quando a corda está girando, ajuda a entender não só com a mente, mas com o corpo todo, a hora certa de entrar na música e manter o rítmo.
Atender os comandos facilita as entradas e pausas que uma música pede, também com o corpo todo. Depois desse exercício quando as crianças vão tocar, a prontidão está mais afiada e elas tocam de uma forma natural.
Penso que muitas brincadeiras, senão todas, facilitam a vida.
Fiz na época um curso de arte terapia. Vi muitas reações e interações acontecerem durante as aulas, que ficaram mais claras e foram melhor conduzidas por conta do suporte do curso.
Me vi muito nas crianças também, seus medos, suas alegrias, a competição, as comparações.

De tudo, ver uma criança tocando sempre bom.
Espero também que essas crianças tenham guardado boas lembranças dessas aulas, não só pela música, mas especialmente pela permissão que elas tiveram de se expressarem.

Me lembro que quando eu tinha uns nove anos, eu aprendi no consevatório uma música chamada Acalanto do Guerra-Peixe. Eu me apaixonei pela música, mas não tive coragem de pedir prá professora prá tocar na audição. A menina que tocou, tocou tão chocho, tão sem envolvimento.

Nas aulas de musicalização, as crianças puderam dizer, quero ou não quero fazer, claro que com as devidas consequências.
De qualquer forma, com ou sem curso, só me foi possível trabalhar bem com isso por conta de lembrar exatamente como eu me senti e o que eu perdi por não ter confiança de falar.

domingo, 8 de março de 2009

TCHAU

Foram embora pro Rio, o Tom, o Borracha e o Binha.
Foram fazer música por lá, choro mais especificamente.
Toquei com eles essas últimas semanas. Viajei e convivi com o Tom durante o ano passado todo.
Conseguimos fazer uma amizade fraterna, gostosa.
Binha e Borracha, mais recentes também ficaram mais próximos, eles me diziam: erra, mas erra com vontade, vontade de tocar!
Grande sorte prá vocês, vontade e talento eu sei que não falta.

OS MÚSICOS








Lembrei de uma cena:
Eu encontro na escada um colega que me pergunta:
E aí, ficou lá até mais tarde?
Digo que fiquei sim, vou lá regularmente.
O lá é um bar com música ao vivo, gente nova, gente nem tão nova, às vezes crianças vão também. Nesse ambiente meio rústico onde a gente é despojado, nem que seja naquelas horinhas ali, o pessoal canta e dança com os músicos tocando choros, sambas e afins; nos sentimos todos brasileiros da gema, ou melhor, brasileiros classe média da gema o que obviamente não deixa de ser um estado d’alma brasileiro. Não se sabe até quando dura isso, ou issos: a classe média e o sentimento de brasilidade. Vamos levando.
Voltando ao colega, comento com ele que sou amiga dos músicos e ele entre espantado e sorridente pergunta:
Mas eles não são todos da UNESP?
Hein?
Respondo sem entender pra onde aquela conversa ia.
É! Eles não são todos da UNESP?
Começo fazer aquelas associações alucinantes que a gente costuma fazer quando não entende de pronto uma colocação dessas:
UNESP = moçada
UNESP = grife
UNESP = eu sou de lá você não é
UNESP + você = não combina
Não sei dizer e acredito que seja difícil medir o tempo que a gente leva fazendo essas viagens de pensamento. A Adriana Falcão sabe melhor sobre esse tempo e outros tempos. A Adriana escreveu A Máquina e n’A Máquina ela fala bem faladinho essa história dos tempos e em linguagem de cordel, é uma história sobre o amor também.
Como o tempo urgia e rugia, eu e ele ali na escada, respondi tão rápido quanto pensava:
Nem todos são da UNESP, na verdade acho que só um dos seis passou por lá. Além disso, eu posso até ter amigos na cadeia se eu quiser!
Continuamos nosso trajeto, ele subindo e eu descendo a escada.
Depois do ocorrido o colega resolveu verificar o chão cada vez que a gente se cruzou. Isso durou uns meses. Outro dia ele veio até mim e resolveu me cumprimentar com o cordial beijinho e tal. Acho que finalmente ele entendeu que eu sou amiga dos músicos venham de onde vierem
.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

COISAS DO SELVIÇO - Eu acredito em saci

Aparece uma mulhé e diz, dexa que eu te levo lá.
Não deu tempo de responder.
Foi entrando no carro e eu com a papelama esparramada um pouco no banco, outro pouco no chão. Ela nem ligou, entrou conversando e pisando e botou a bundinha dos seus 80 kg por cima. Deu um sorrisinho, olhou e falou, nossa! tirou o chinelo prá pisar só com o pé e mandou, vou sentar na beradinha.
Agora já não dava mais prá responder mesmo.
Segurando a porta meio aberta com o braço, me fez andar uma quadra, apontou a casa e disse, se ela me ver me mata e bateu a porta com tudo.
Aquele cabelo curto no toco, os dentes um prá lá outro também, um sorriso de coisas vãs.
Da casa olhei de volta, cadê?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

VIVER É PERIGOSO

Tenho visto várias pessoas próximas justificarem seus atos presentes como resposta a frustrações antigas. Em geral as justificativas começam com o querido se...
alguém não tivesse me fubecado...
Prá colocar em termos pessoalíssimos, vou contar uma parte da minha própria história.
Quando tinha dezessete anos e estava sendo chamada para entrar na melhor escola de MPB da época, o CLAM, me descobri grávida.
Não me casei e enfrentei sérias dificuldades. Tive que desistir do curso e ao invés de morar em São Paulo, onde eu já estava, passei a morar numa fazenda no interior de São Paulo, não pra me esconder, mas meus familiares moravam lá.
Por questões óbvias era o melhor que eu podia fazer.
Meus familiares não foram, na época, nada amistosos comigo.
Passei da adolescência para a fase adulta, como acontece com outras meninas na mesma situação, dos dezessete pros dezoito anos.
De lá para cá, isso já tem vinte e seis anos, eu e minhas duas filhas, andamos por caminhos ora muito difíceis - os famosos "deu tudo errado"- ora de celebração, como agora estamos.
Elas saíram de casa aos dezessete, não para ter filho, mas para estudar.
Uma delas está numa classe de honra numa universidade americana, outra foi convidada a dar aulas, depois de ter saído-se muito bem no último curso que fez.
Venho estudando música há alguns anos, hoje passei a tarde com meus amigos tocando chorinho e faço outra ótima escola de música, o conservatório de Tatuí.
Não me lembro de erros diabólicos que cometemos e sinceramente não acredito que ainda possamos fazê-los e não, eu não estou sendo cabotina.
A gente é malvadinha de leve, vai se corrigindo, escolhendo os caminhos que têm mais coração.
Também o demo tá saturado de ofertas, de modo que não tenho que conversar com meu cumpadre Quelemém, como o Riobaldo do Guimarães Rosa fazia.
Vamos continuar assim ao que tudo indica: andando, andando, andando. Nós nos recusamos a ficar paradas ou justificando perdas e danos com mais perdas e danos.
A gente briga e ri, esperneia, fica quase louca achando que "dessa vez nem a comissão internacional dos terapeutas fodões vão dar jeito", mas felizmente acaba voltando.
Não sei se fiz tudo isso parecer fácil.
Não é fácil viver assim e quem falou que viver é fácil?
Mas tem a música... o Guimarães... as meninas... os amigos...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

D. Teresa


D Teresa, quanta paciência comigo, que colo gostoso!

Eu pouco entendia, ela me ensinava.

As franjas da toalha onde ela fazia seus amarrados,

A massa de macarrão e a farinha que eu via cair.

Eu era a convidada para as coisas que a avó Teresa fazia.

Pros outros ela era brava.

Pra ela eu era nininha.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O pão de hoje


Como é bom falar com as pessoas que a gente gosta e que a gente sabe que gostam da gente.
Não tem idade, cor, tamanho e religião prá atrapalhar. Que belezinha. Tive uma conversa dessas hoje com a Fê.

A gente combina sem combinar que vamos falar do que nos aflige. Daqui a pouco a gente tá falando das coisas que gosta e tudo vai ficando mais claro.

Eu sou daquelas pessoas que conforme vai falando vai entendo o que pensa, e quando falo com gente que gosto, eu me entendo ainda mais.

Como não tenho que aparecer mais, provar mais, acabo desfrutando mais também.

Quem me dera conhecer muitas, muitas pessoas dessa espécie gostante.
Eu sei que a espécie aterrorizante também ensina, que um bom amigo também nos mete verdades bem no meio da cara, e ainda bem que seja assim. Mas depois de passado o susto do terror ou da verdade, o que fica é a certeza de onde vem o impacto: da afeição, do zelo ou de um zé que ninguém pariu.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

UPA UPA


Quem consegue falar com cavalos?
ô bicho ressabiado.

Esse da foto que atende por malhado
não fez amizade comigo, nem facilitou.

Só atendeu minha mãe, D Dita, que sabe andar a cavalo desde sempre.
Então como o Biriba, o outro cavalo que tava lá também, me atendeu,
obedeceu tudo direitinho?

Esses bichos têm quereres, poderes e saberes.
Nascem, crescem e morrem com o mesmo temperamento.

Claro, são domesticáveis, mas só até aquele ponto onde eles querem.
Admiráveis cavalinhos!

NEM FA NEM FU



Opinião é uma coisa boa de dar pros outros, mas difícil de segurar com a gente.


Eu vivo caindo nessa ladeira, um dia me aprumo, ou não... sabe como é, se a gente fizer muito esforço prá mudar vira o Coisa.


Então, seguindo por aí topei com três idéias que se apresentaram como irmãs pra mim, quais sejam: ter opinião e não dar, ter opinião e dar ou não ter opinião e muito menos dar.

Acho que a primeira e a última opção acaba dando na mesma, OU MELHOR NÃO DANDO EM NADA ou ainda, quem poderá saber?


Eu tenho uma colega da qual não consigo saber nem sua cor preferida.

Ela simplesmente não tem assuntos pessoais, preferências marcantes, time de futebol e essas coisinhas frugais que a maioria tem. É de uma descrição que não se encontra nem nos salões mais nobres, se é que ainda exista algum. Opinião é ao que parece, coisa de gente menor e eu me sinto pequininha perto dela.


Qualquer coisa que se diga perto dela vira fumaça; ela inclusive tem o dom de desbancar a opinião alheia, estava eu dizendo dias desses sobre as férias que estavam próximas e, que na volta eu gostaria que o relógio do mundo estivesse adiantado ao tempo da aposentadoria, ao que ela respondeu - ah, eu ainda tenho quatorze anos e nem quero pensar nisso.

Vamo lá gente, afinal, ela gostaria de parar de trabalhar ou não?

****

Vi uma palestra do Renato Janine Ribeiro sobre quanto tempo a gente passa trabalhando, até quanto tempo a gente vai ter que trabalhar, por conta da nova aposentadoria e da velhice que se estende. Ele falou também de outras soluções, como trabalhar menos dias por semana - que eu adorei - e de investimentos em setores de recreação e artes, prá gente ter uma vida mais legalzinha.

Ah, se isso desse certo !
É realmente uma pena, mas acho que a gente vai mesmo é trabalhar mais, bem melhor nem pensar nisso....será?