sexta-feira, 20 de março de 2009

PERMISSÃO



Estive uma época dando aulas de musicalização. Foi uma experiência maravilhosa.
Descobri algumas coisa interessantes, por insight.
Lembrei da brincadeira da corda com aquela musiquinha um homem bateu em minha porta.
Acertar a hora de entrar na corda e depois manter o rítmo e os comandos, ensina várias coisas.
Ficar atento ao momento de entrar quando a corda está girando, ajuda a entender não só com a mente, mas com o corpo todo, a hora certa de entrar na música e manter o rítmo.
Atender os comandos facilita as entradas e pausas que uma música pede, também com o corpo todo. Depois desse exercício quando as crianças vão tocar, a prontidão está mais afiada e elas tocam de uma forma natural.
Penso que muitas brincadeiras, senão todas, facilitam a vida.
Fiz na época um curso de arte terapia. Vi muitas reações e interações acontecerem durante as aulas, que ficaram mais claras e foram melhor conduzidas por conta do suporte do curso.
Me vi muito nas crianças também, seus medos, suas alegrias, a competição, as comparações.

De tudo, ver uma criança tocando sempre bom.
Espero também que essas crianças tenham guardado boas lembranças dessas aulas, não só pela música, mas especialmente pela permissão que elas tiveram de se expressarem.

Me lembro que quando eu tinha uns nove anos, eu aprendi no consevatório uma música chamada Acalanto do Guerra-Peixe. Eu me apaixonei pela música, mas não tive coragem de pedir prá professora prá tocar na audição. A menina que tocou, tocou tão chocho, tão sem envolvimento.

Nas aulas de musicalização, as crianças puderam dizer, quero ou não quero fazer, claro que com as devidas consequências.
De qualquer forma, com ou sem curso, só me foi possível trabalhar bem com isso por conta de lembrar exatamente como eu me senti e o que eu perdi por não ter confiança de falar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário